18 de jun. de 2013

Brasil em marcha




Distante no espaço, mas não no tempo, acompanho pela internet as simultâneas manifestações do povo brasileiro e sua repercussão ao redor do mundo. Diante do tanto que já foi redigido pela imprensa e relatado nas redes sociais, sobra pouco a dizer. Resta-me apenas a jornada detetivesca à procura da verdadeira motivação. Certo é que os superfaturados vinte centavos passam longe de ser o estopim dos protestos. Podemos acreditar no tão esperado despertar do gigante adormecido ou apenas apostar nossas fichas num fenômeno natural como o degelo que de tempos em tempos mostra a sua força. O fato é que não há uma explicação plausível para os últimos acontecimentos. Prefiro então creditar a onda de solidariedade à nossa afetiva alma. Estar com o outro, pelo outro, no outro, por inteiro, apenas isso, melhor dizendo, tudo isso. Olhar na mesma direção, com o mesmo propósito, dando o seu maior comprometimento. Mesmo não comungando a mesma ideia ou opinião, reconhecer o mesmo sentimento e intenção. Ouço as confusas palavras de ordem, vejo o balé desarticulado de policiais e manifestantes, quase cheiro o gás lacrimogêneo e sigo extasiada. Uns, com o coração em festa típico da juventude, adicionam mais um programa a sua agenda já cheia de eventos. Outros assinam sua longeva presença na talvez última oportunidade de participar da comoção popular. Alguns solitários aconchegam-se no gigantesco abraço da multidão. Vários engajados por vocação ensaiam tímidas lideranças e orientação. Muitos enganam a si próprios com equivocados argumentos, vítimas inocentes da desinformação, poucos sabem com certeza porque lá estão e enumeram com clareza suas justas reivindicações. Mas todos, incansáveis e resolutos, continuam a indefinida marcha. Esse é o poder da empatia.

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