28 de abr. de 2013

Dúvida



A noite cai no apartamento de classe media do Flamengo. Luis Alberto chega tarde do trabalho e encontra, como sempre, sua família em paz. As crianças já estão dormindo e Cristina no banheiro faz sua rotina diária de beleza e diz:
- Vou servir seu jantar, fiz panqueca de camarão.
- Comi um sanduíche no trabalho, não estou com fome
- Da uma lida no texto que eu fiz para a aula de amanhã e diz se é conto ou crônica.
- Você está na oficina para aprender.
- Eu ainda tenho duvidas e não quero mais perguntar ao professor
Com ar aborrecido, ele pega o texto nas mãos e conta as folhas.

24 de abr. de 2013

Salve Jorge


No feriado carioca de 23 de abril, muito festejado, celebramos São Jorge, o santo da moda, com todo respeito. O santo guerreiro se encaixa bem com o perfil do brasileiro, que é obrigado a matar um dragão por dia. Mas a nossa Capadócia é outra; muito menos árida que a igualmente linda região turca, a nossa cidade é cercada por luxuriante verde. Infelizmente a pobreza, a marginalidade e a violência, não são compensadas pela imagem do cartão postal. Mas somos um povo de fé exacerbada que nos cega e nos faz avançar confiante; dias melhores virão. O hálito do nosso dragão cheira bem; a corrupção que ataca nosso estômago é bem disfarçada com os antiácidos que a implacável indústria farmacêutica nos oferece, com prazer. A couraça da impunidade mantêm-se intacta, graças aos bem elaborados artifícios das leis tendenciosas.

21 de abr. de 2013

A revolta


A tristeza habitava o lugar. Cada um, a seu modo, sentia a dor da rejeição. Ela não tinha o direito de tomar uma decisão tão abrupta. Faltou consideração com aqueles que tanto alegraram seus dias. Na prateleira acima da pia, perfilados, prontos para ação, estavam os novos amigos. O germe de trigo e a farinha de linhaça, acondicionados em potes de vidro novinhos, ao lado da altiva granola. Ocupam o lugar dos biscoitos, agora embalados num saquinho de plástico, dentro da gaveta, aguardando uma recaída. Na janela vasos novos; em vez do vermelho das begônias e gerânios, havia agora o verde sabor da saúde em ramos de salvia e alecrim; flor agora só de brócolis. Na fruteira, a onipresente banana, mantinha-se discreta e neutra. O interior da geladeira estava em festa. Os formatos variados iam do cilindro da cenoura e do pepino ao quase cônico aspecto da pêra, passando pela esfera perfeita da laranja lima. E o que falar das cores, só o pimentão tinha três. Um completo arco íris vegetal tomava conta do espaço, onde até o inusitado roxo se incluía com a presença da ameixa e da berinjela. O melão e a melancia

20 de abr. de 2013

Primeira vez

Queridos amigos

Quem não se lembra da sua primeira vez? O primeiro choro, o primeiro tombo, o primeiro beijo e muitos outros começos marcam, pela  vida afora,  nosso caminhar. 
Esse primeiro post, cambaleante ainda, inaugura um novo espaço para receber os amigos. Ele está aberto vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Seja bem-vindo!