25 de jul. de 2013

Ponto de vista



Ao alcance da mão na tela do computador as notícias frescas do Brasil. O olhar longínquo vindo do outro hemisfério revela-se perplexo diante da realidade.
Na primeira tela abro o vídeo de abertura da Jornada Mundial da Juventude. Dom Orani Tempesta, o Arcebispo da cidade, com suas simpáticas bochechas, hoje mais solenes, convoca os jovens do mundo inteiro a orar. Um milhão de pessoas acompanham a Missa de Acolhimento realizada no palco faraônico montado na Praia de Copacabana. Os cânticos aceleram o coração da massa. Nem a chuva, nem o vento esmorece o entusiasmo dos devotos fiéis.
Na próxima tela, outro vídeo mostra mais um confronto oriundo da manifestação de desagravo do povo brasileiro contra o Governo. A Polícia Militar e cerca de trezentas pessoas se enfrentam próximo ao Palácio Guanabara, local de trabalho do governador do Rio de Janeiro, bola da vez na mira dos revoltados. Nem as balas de borracha, nem os jatos d’água acalmam os ânimos exaltados dos rebeldes mascarados. 

O primeiro grupo, bem definido, é formado pelos seguidores da Igreja Católica Apostólica Romana; por escolha pessoal ou em maioria por decisão paterna ao nascimento. Alinhados com a segura direção do Vaticano, investem maciçamente na recuperação do prestígio da Instituição milenar. Todos apostam suas fichas na presença carismática do Papa Francisco e sua atuação como novo líder. A nacionalidade argentina, motivo de rejeição a muitos compatriotas é digerida docemente. A origem franciscana transparece na pratica da humildade. Seu discurso moderno, com o tom simples dos hábeis comunicadores faz crer que chegou a hora de trazer de volta a Paróquia, os seus fiéis arredios. Não mais como um rebanho crédulo e infantilizado. A razão já pode encontrar a fé e trocar ideias, discutir os problemas sociais e enfrentar os dogmas sem temor. Sou católico, logo penso.
O segundo grupo, ainda indefinido quanto ao seu querer, já abrigou em suas fileiras cidadãos trabalhadores, estudantes e aposentados. Todos protestando contra a malversação de recursos pelo Estado nas três esferas administrativas; federal, estadual e municipal. Famílias inteiras participaram do primeiro grande movimento popular contra a corrupção.  O primeiro momento de contagiante euforia passou. Os gritos e esperneios da população causaram sem duvida algum desconforto nos governantes, mas não os assustaram. As donas de casa voltaram para o fogão, os trabalhadores aos seus empregos e os idosos ao desconforto da velhice. Sobraram os jovens de agenda flexível, carregando nas faixas e cartazes o inflexível pensamento característico da idade. Basta uma rápida olhada nas redes sociais para verificar a dicotomia. Ser contra ou a favor é a questão de ordem, fracos argumentos, repetidos a exaustão, sua prática. O bom senso também está de férias.
Preparo corpo, alma e a mala para a volta; estou quase pronta para a ação. O homem cordial presente na primeira tela contrasta em cor e som com o violento apresentado na segunda. Os dois me representam; afinal rezar e protestar já fazia Jesus há mais de dois mil anos atrás. Vambora lá!

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